Ivani Fazenda


                              
   Ana Rita evangelista
Carla Cristine Santana
Cala Regina Lima
Lidiane Duarte
Luci de Jesus Araujo
Marcio Allan

Um olhar holístico sobre a construção do conhecimento
 “Todos somos amadores na vida, ninguém vive o suficiente para ser mais que isso.”(Calvero )
   Ivani Arantes Catarina Fazenda é uma pesquisadora que há mais de quarenta anos dedica-se a pesquisas sobre interdisciplinaridade. Na concepção desta autora, a interdisciplinaridade apresenta-se como instrumento adequado para garantir a construção do conhecimento fundamentado numa visão holística capaz de romper com algumas fronteiras, que tem transformado a busca pelo conhecimento em uma  viagem solitária e multipartida.
   Neste sentido, surge a necessidade de fazer alguns ajustes nos modo de proceder, frente à forma de buscar, produzir e compartilhar o conhecimento. Tendo a interdisciplinaridade como ferramenta para tal transformação, emerge outra necessidade a de definir a significação deste termo tão recorrente nos diálogos sobre o conhecer e o educar. Por fim, o que vem a ser interdisciplinaridade?
Ao longo do tempo, questões sobre o significado real do que é ou não interdisciplinaridade, vem causando diversas polêmicas entre pesquisadores, indivíduos ou grupos que se prestam a esta prática de forma intuitiva.
   Para Fazenda, as polêmicas desenvolveram-se a principio, a partir do próprio caráter subjetivo e intersubjetivo da interdisciplinaridade, da dificuldade dos pesquisadores em separar o que é multi, pluri, transdisciplinar e interdisciplinar, a pouca literatura voltada para este tema, como também, alguns equívocos gerados a partir da tentativa de compreensão e de prática da proposta interdisciplinar.
   A proposta interdisciplinar está além do limiar da escola, ambiciona ser mais que um modelo pedagógico ou modismo entre pesquisadores das diversas áreas, visa ser referencial para a reestruturação da forma como o conhecimento é produzido e disseminado. Esta proposta busca a construção colaborativa e integral do saber, o que a autora denomina “orientação das ciências para a convergência”.
   Agora passemos a observar como as ideias de Fazenda são inseridas no contexto da escola, no ensino-aprendizagem. Segundo as ideias de Ivani Fazenda, a interdisciplinaridade pode ser entendida como um instrumento de troca, de reciprocidade entre as áreas do conhecimento. E seus objetivos buscam constantemente fazer com que a transmissão de conhecimentos seja algo realizado de forma eficaz e proveitosa, dando impulso  a novos projetos de ensino que visem o crescimento intelectual do discente e até mesmo do próprio educador, fazendo com que haja uma interação de ambas as partes no alcance do aprendizado. A interdisciplinaridade abrange na sua formação vários aspectos, entre eles, a afetividade e a compreensão que participam assiduamente das mais variadas atitudes do ser humano.
   A interdisciplinaridade na escola propicia a elaboração de um projeto pedagógico capaz de resignificar a educação, a própria escola, a vida da comunidade escolar e da comunidade que a cerca. Um projeto educacional com esta característica possui a totalidade como objetivo, o espaço, o tempo, o individuo, o grupo do qual o individuo  faz parte, os grupos que se agregam para  compartilhar e   produzir conhecimento.Vale a pena lembrar que nem tudo são flores no que concerne à prática interdisciplinar na escola. A cisão entre teoria e prática é evidente por conta de alguns fatores já mencionados anteriormente no 4º parágrafo, acrescidos do fato de que na escola há mais campo para práticas intuitivas. Não que a autora condene a intuição na prática educativa, ela mesmo, pensa que  em muitas situações este recurso é válido.
      A experiência prática no cotidiano escolar proporciona conhecimentos e habilidades, porém estes conhecimentos podem  e devem ser atrelados a uma pesquisa mais aprofundada do conhecer, ser  e fazer interdisciplinar,  evitando assim, distorções  na compreensão da proposta deste movimento. Fazenda afirma que os prejuízos causados com a reforma educacional na década 60 teve origem nas interpretações equivocadas sobre interdisciplinaridade (inclusive a autora escreveu um livro detalhado sobre este assunto).  E ainda hoje muitos equívocos são cometidos nas vivencias escolares. Corriqueiramente, a justaposição de disciplinas é utilizada como único pressuposto de interdisciplinaridade, como também há uma crescente desvalorização do conceito de disciplina. A disciplina é uma maneira de organizar um conjunto, uma  seleção de conhecimentos que são ordenados para serem apresentadas aos  alunos. As próprias disciplinas exigem a  prática interdisciplinar, e esta prática vem como instrumento de  diálogo  e estreitamento de fronteiras entre as disciplinas, excluir ou menosprezar as disciplinas não resolverá os problemas da educação. É assim que a escola, de uma forma geral, vem encarando a interdisciplinaridade.
    Já nas universidades que são campos  importantes no desenvolvimento de pesquisa , é necessário que haja um empenho em  diminuir a fragmentação na produção de conhecimento geral e especifico. É imprescindível combater o que Fazenda  chama de  “capitalismo epistêmico”, precisa haver um diálogo entre as áreas do conhecimento para que este possa ser integral. A universidade deve se habituar a uma vivência de pesquisa voltada para o todo .
    A vivência, a pesquisa, a busca do pensar são características presentes nos projetos interdisciplinares. O diálogo por sua vez se destaca pela sua importância no que se refere à comunicação, tendo sua eficácia notada e constantemente comprovada. O papel da troca eficaz do saber entre educador e discente se torna também um dos principais objetivos presentes na interdisciplinaridade.
  Para a compreensão e exercício destas práticas na escola se faz necessário que o professor tenha uma visão interdisciplinar, considerando o caráter subjetivo e intersubjetivo da interdisciplinaridade. O professor com esta característica possui uma atitude compromissada com o ensino aprendizagem, tem uma múltipla perspectiva e é capaz de notar que precisa estar sempre buscando ampliar seus conhecimentos, conhecendo os processos, tem ainda que ter uma postura que permita sempre o diálogo e a troca na relação professor/aluno, professor/escola, professor/professor.
   A postura intersubjetiva da interdisciplinaridade toma forma e toma o espaço no qual é adotada. O resultado é uma aprendizagem de qualidade, estudantes passam a ser capazes de realmente produzir conhecimento, o saber e o aprender torna-se satisfação em oposição à obrigação. A interdisciplinaridade pode parecer mais uma utopia, mas, educação de qualidade pode  acontecer. Resultados surpreendentes, como por  exemplo do GEPI(   ) criado e coordenado pela professora drª. Ivani Fazenda.
   Há ainda muitos desdobramentos a serem atingidos quando o assunto é a interdisciplinaridade, porém o fato desta ser  antiparadigmática  e ter  multiperspectivas, permitirá que os debates aflorem, encontrando novos caminhos sem alterar sua essência,  pois, a vida é de caráter interdisciplinar, e o que uma educação de qualidade almeja   é o educar para a vida, enquanto este for o quadro haverá espaço para a interdisciplinaridade.
  Na condição de educadores em formação, temos ligação e responsabilidade direta com a atitude interdisciplinar. Somos discentes, estamos  aprendendo,  tateando pelas bases do fazer científico, seremos educadores ( já somos em alguns casos), resta –nos apenas definir qual posição adotar. Seremos professores ou educadores? Criaremos fronteiras ou as transporemos ? Diminuiremos a distancia entre a teoria e prática da educação de qualidade ? “Essa mania de ver o todo na parte e ver a parte no todo” acompanhará nossa jornada?
 A interdisciplinaridade parte também dos questionamentos, pois, a partir deles nos movemos em direção às respostas, estas variam em especificidade e generalidade, contudo se igualam na transitoriedade, parafraseando  a citação de Chaplin apresentada no inicio do texto, todas as verdades são transitórias na vida ,nenhuma verdade vive o suficiente para ser absoluta.


Considerações Finais

A interdisciplinaridade é um tema muito inquietante, transita entre o profissional, pessoal e o social. Revendo este tema (dizemos “revendo” porque esse foi, por assim dizer, um tema transversal nos debates em classe) entendemos que tanto na nossa vida subjetiva, quanto intersubjetiva, social e profissional somos como um rio, precisamos de afluentes para ganharmos força em nossa jornada até o mar. Numa rápida retrospectiva,  durante esse semestre,podemos dizer: Didática do primeiro ao último passo (tudo que sei é que nada sei de ti); Literaturas nossa paixão e nossa cruz ( por causa da percepção estética de cada um... que amadureça o Cesário Verde e se escondam os espelhos dos poetas narcisistas); Tecnologias ( será que ainda te domino?); Língua Portuguesa (uma  viagem além do Lácio ); Arte e Cultura( tudo junto e misturado), por fim  PPP ( a única carinhosamente apelidada), todos esses afluentes lançando seus braços, nos invadindo, reforçando nosso curso...pensamos que isso tudo também  é interdisciplinaridade.